Manhãs
Pelos jardins escoam-se os olhos
transparentes
como janelas de casas
em subitas visões de artista
No céu antes borrifado de estrelas
passeiam-se visões de caminhantes
Faz frio... foram os aguaçeiros
não se ouvem nem as àrvores
tocadas ao de leve pelo vento
Cheira-me o ar a fogo
cobrindo os corpos de solidão
na escuridão ténue do estio
Espero tolhida, engelhada
que o próximo sol afugente
a negragem desta noite
para lavar os sentidos
e pentear os cabelos
Sabe-me a boca a ferrugem
cuspo o pano crú, a essencia
de tanto morder o lençol
Mas eis já láctea que chega
a manhã feita camélia
pálida escrava da Lua
a dar-me beijos sem ruído
De chorar se cansaram
os olhos lívidos dos jasmins
e agora que se erguem os ciprestes,
cristais de sorrisos
vão iluminando as àrvores escuras.
Já bendigo o vento Norte
que beija levemente as flores,
as flores na minha pele
nestas manhãs brumosas,
airosas como pequenas ruas
onde vagas de ilusão
inundam roxas os meus lábios.
Lx 29/07/1990
sexta-feira, junho 23, 2006
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2 comentários:
Tá lindo, já devias ter começado com isto á muitoooooo mais tempo, venham de lá essas preciosidades, beijos.
poesia...tamos a ficar moles...e tu nem gostas de coisas moles...
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