Já por diversas vezes vários amigos e amigas do meu blog, e meus pessoalmente, me perguntaram repetidamente porque deixei de escrever assíduamente. Como o prometido é devido, vou então proceder a alguns esclarecimentos.
Assim, a quem interessar porque para os outros estou-me eu marimbando, deixei de escrever por várias razões.
Primeiro porque ao trabalhar com livros e com autores de diversas nacionalidades, nos apercebemos como somos "pequeninos" a escrever. Este mundo dos livros é pleno de mestres, alguns são-no menos, mas sempre fui humilde, como tal sei reconhecer o quanto a minha forma de escrever empalideçe em comparação com aqueles que o fazem realmente bem e são reconhecidos por isso. Mas já diz o ditado, junta-te aos bons e serás um deles... imaginando que a sabedoria popular, intemporal e indesgastável, se cole a mim, só posso ter esperanças em aprender e aperfeiçoar o meu correr de pena.
Segundo, o tempo é mesmo pouco.
Terceiro a vontade ainda é menos, ou talvés as razões para o fazer frequentemente tenham deixado de ser tão permentes; a escrita como catárse, como exorcismo de demónios fracos ou fortes, por vezes, deixa de fazer sentido. Em última análise em boca fechada não entra mosca nem sai m**.
Quarto porque sinceramente estou desapontada com alguns dos meus co-bloggers, quer porque deixaram de me motivar, quer porque alguns bloges dos quais gostava muito, deixaram ou de existir ou de me interessar, ou igualmente deixaram de postar com frequencia.
Quinto não tenho estado para aqui virada.
Porém a minha necessidade de escrever, de bater com a vontade nas teclas do pc, essa existe sempre e vai continuar a existir, não obstante a vida, onde me inspiro, a minha mais que a dos outros, de repente, parecer vazia de acontecimentos dignos de registo.
São várias, porém, as situações que podia contar, a vinha vida é das mais vertiginosas que conheço, se fosse realmente artista já me teria suicidado, por me sentir incompreendida... piada Calviniana, claro.
Deixei, por exemplo, de sentir vontade de conhecer "in the flesh" as pessoas que habitam a blogosfera, pela mesmissíma razão que deixei de querer conhecer pessoas através desta ferramenta magnífica que é a net.
É que não há pachorra para tanto desiquilibrado, até porque, apesar de ter cara de assistente social, ou de cama, como diz uma amiga minha, não o sou, nem passo a vida a sonhar com camas, a menos que fosse sócia maioritária do Ikea.
Como tal, afastei-me destas andanças e de outras também, já vou tendo idade para ter juízo, mesmo que não o tenha, sempre posso disfarçar, afinal ninguém vai notar mesmo...
Por todas estas razões, decidi dar alguma voz aos mestres que vou lendo, por um lado, por outro dar "música às tropas", borrifando-me se gostam ou não do estilo, aguardando a chegada da inspiração para ir desaguando nesta foz as minhas idiossincracias, que únicamente a mim me dizem respeito, quando quero ou posso .
Até porque acabei por chegar à conclusão, sem generalizar, óbviamente, que nunca conseguirei ter a noção de que o que leio escrito por outrém, é ou não o espelho das suas ideias concretas, das suas personalidades, por isso me abstenho de grandes ou mesmo nenhuns comentários em blogues alheios, sob pena de andar para aí a pisar personalidade imberbes, ou entrar em despiques de alcoviteiros, ou mesmo de me envolver em discusões de filosofia de pacotilha, porque tenho mais o que fazer.
Com a chegada da quarta década de vida, passei a amar de paixão cada um dos meus neurónios e de não os torrar com coisas vãs e sem sentido, quase sendo apologista do orgulhosamente só, antes que mal acompanhada, seja lá no passeio da rua, no lugar em que me sento no cinema, até às companhias blogosféricas ou reais.
Em meados da década de 90 alguém inventou uma expressão que abraçei como uma irmã: dizia-se então não há cú que aguente!
É a mais pura das verdades, deixei de ter paciência para aturar mediocridades, dos outros mas especialmente as minhas. Parei de ter vontade de perceber a razão pela qual tudo acontece, porque por vezes não há mesmo razão nenhuma. As coisas acontecem e as pessoas são da forma que são, por isso, é perder tempo explicá-las, ajudá-las ou entendê-las, quando são medíocres.
Não pensem que com esta atitude sou auto-complacente, nada disso, complacente seria se mantivesse o estilo de vida, que vinha a ser o meu norte até então, ao pensar: as pessoas são todas boas, podem é tornar-se más, por diversos motivos.
Aprendi, pois, à custa de alguma cabeçadas, que as pessoas boas são escassas e as más, ou menos boas, são-no em muito maior número, por isso há que as evitar. Aprender a cheirar-lhes as manhas e a decifrar-lhes os maus fígados, para logo me afastar delas e da sua perfídia, passou a ser uma tarefa diária, acarinhada e cultivada em cada segundo.
Concluí então que existem seres humanos com necessidades básicas, nunca satisfeitas, como comer, ter um tecto, um emprego ou uma educação e com essas devo preocupar-me e ajudar fazendo uma ínfima parte do gigantesco que há para fazer.
Mostrar os dentes aos que merecem vê-los e as garras aos demais, tem-me dado mais gozo do que poderia imaginar.
Não deixei de ser tolerante com a humanidade apenas decidi sê-lo com a parte que pode lucrar algo com isso , ou seja, os não-medíocres, e fazer desse propósito uma matriz.
Não é pois um post à "la Barbie" feliz e contente com os passarinhos e a chuvinha fria do Outono, mas sim um post à "la xiça não me voltas a pisar os calos!".
Se quiserem comentem se não quiserem tudo bem na mesma, até porque se aprende muito ficando em silêncio.