sexta-feira, agosto 25, 2006

Georgia O'Keeffe - pintora, EUA (1887-1986)


Pintou a natureza, o realismo e o abstracto, como poucos artista modernos americanos, foi uma mulher alvo de muito criticismo durante a sua vida devido ao seu comportamento e originalidade. Casou com Alfred Stieglitg , famoso fotógrafo, em 1924, com quem manteve sempre uma parceria de intensa criatividade, tendo sido a musa inspiradora de muitos dos seus trabalhos.

As flores líricas, as paisagens do Novo México inpiradas na luz e na forma, as energéticas vistas urbanas de Nova York de ângulos aguçados, foram pintadas por ela como uma mulher americana que foi, trabalhando todos os dias da sua existência, apenas comprometida com aquilo que queria e amava.

"Art is a wicked thing. It is what we are." - Georgia O'Keeffe

Pode ser visionada a sua maravilhosa obra aqui http://www.soho-art.com/Geogia-OKeeffe.shtml

A foto feita feita em 1918 por Alfred Stieglitz. http://www.studium.iar.unicamp.br/tres/pg1.htm?main=no_seio_da_feminilidade.htm

Sala de pânico


Eram ontem quase 18h quando o sinal de sms do telemóvel disparou. A., um amigo recente, ainda quase desconhecido, extremamente inteligente, sensível e, vai sendo vulgar notar isto nas pessoas com estas características, algo atormentado.

A. : vou partir para ontem, passo por amanhã e entretanto pode ser que não encontre o caminho de volta para hoje.
Eu: hoje é ontem em cada segundo que passa... o amanhã não existe
A.: Amanhã é agora. Ontem diluiu-se no fundo do baú da memória que tenho na cabeça...
Eu: hoje não me lembra nada de ontem e amanhã ninguém se lembra das minhas memórias
A.: o vento hoje leva-me para longe numa viagem solitária...
Eu: levas alguma bagagem?
A.: Não. Para onde vou não posso levar bagagem. Light travelling
E: leva-me também...
A.: Gostava mas não posso
Eu: Podes sim, tu podes tudo... (começei a sentir algum pânico...)
--------------------silêncio--------------------espera-----------------------------
Eu: podemos falar sobre os cenários dos amanhãs...
-------------------------mais silêncio----------------------------------------------
Eu: que raio de viagem é essa que não pode esperar um dia a pedido de uma completa estranha? ...... (confesso que me senti um pouco chata...)
A.: desculpa mas é muito importante para mim. Amanhã falamos, beijo
Eu: ok e prometes que me dizes um olá amanhã? é por puro egoísmo de kota cusca, pode ser? pleeeese...
A.: (após vários minutos ) Sim

A. ligou-me naquele mesmo dia já eu estava em casa parecia descontraído, ouvia-se o vento através da ligação.
E: oiiiiiii... como estás?
A.: Tá tudo bem, desculpa, mas precisava mesmo de estar sózinho, há viagens que temos de fazer só nós...
Eu: então não fostes cortar as veias ali para o cantinho?
A.: ( a rir) ... nãoooo... nem comprei o bilhete para a Papua... (mais risos)
Eu : (muito mais tranquila)... olha, não vás para lá consta que metade da população de Lisboa se mudou para aquelas paragens, há notícias de congestionamentos... (risos)
A.: ...(risos)...
Eu. és um completo malandro, pregaste-me um cagaço, amanhã serás esquartejado em praça pública no meu blog!
A. : ...(risos)... ok eu mereço!... apesar de não ter sido a minha intenção...

----------------- a ligação caiu...------------------------------------------
Eu: (sms) ... eu já com o chanel preto tiradinho da naftalina para ir ao funeral, és incorrigível... Agosto é terrível, não se passa nada de nada...

A. está bem, claro, e recomenda-se. Eu fiz um papelão daqueles, mas antes pecar por excesso que por falta, não vá o diabo tecê-las, e eu levo as amizades a sério, preocupo-me com todas as pessoas por quem nutro alguma afeição, mesmo aquelas com quem discordo sistemáticamente.

Um beijo A. que a brisa te leve sempre a lugares paradisíacos... to your own private paradise...

quinta-feira, agosto 24, 2006

Alguém se lembra...

... dos Waterboys?...
Eu lembro-me e tenho recordações fantásticas de todas as suas músicas. Hoje ouvi inesperadamente "The Pan Within" que adoro em absoluto e lembrei-me de uma experiencia que eu e o meu grupo de "rufias" da época, todos apaixonados por esta música, fizémos.
Agarrei naquela gente e num final de noite de copos e não só, levei velas e um leitor portátil e fomos para a minha praia favorita , o Guincho, fazer uma experiencia com eles ao som desta canção.
A noite estava quente e muito escura, não me lembro que dia da semana era nem em que mês estávamos. Mandei-os sentar em círculo, acendi as velas à volta de nós todos e recomendei que escutassem a música de olhos fechados e fossem dizendo o que sentiam.
Foi uma experiencia fantástica e muito intensa, alguns murmuravam em algumas partes da música e a seguir gritavam, noutras contavam histórias pessoais que eram afloradas pelos acordes, falou-se de sexo, de amor, de drogas, das mães e dos pais, dos amigos, da faculdade e dos empregos, chorou-se um pouco, riu-se muito. No final abraçamo-nos todos e jurámos que nunca nos separaríamos.
Era um grupo muito giro, de gente inteligente e sensível, que após alguns meses, devido a desavenças e a outras situações, afastámo-nos e nunca mais nos voltámos a ver.
Aqui fica a letra da música para quem gostar.

The Waterboys - The Pan Within

Come with me
on a journey beneath the skin
Come with me
on a journey under the skin
We will look together
for the Pan within
Close your eyes
breathe slow we'll begin
Close your eyesbreathe slow and we will begin
To look together
for the Pan within
swing your hips
loose your head, and let it spin
Swing your hips
loose you head, and let it spin
And we will look together
for the Pan within
Close your eyes
breathe slow and we will begin
Close your eyes
breathe slow and we will begin
To look together
for the Pan within
Put your face in my window
breathe a night full of treasures
The wind is delicious
sweet and wild with the promise of pleasure
The stars are alive
and nights like these
Were born to be
sanctified by you and me
Lovers, thieves, fools and pretenders
and all we gotta do is surrender
Come with me
on a journey under the skin
Come with me
on a journey under the skin
And we will look together
for the Pan within
When to be with you
is not a sin
When to be with you, oh just to be with you
is not a sin
We will look together
for the Pan within


Frase do dia...


"Na vida temos momentos em que nos sentimos em alta e outros momentos em que nos sentimos em baixo. Nos momentos da vida em que nos sentimos em baixo podes ter a certeza que as pessoas vão tratar-te como lixo!"

Iggy Pop and The Stooges

quarta-feira, agosto 23, 2006

As vértebras de Lisboa


Nas calçadas pombalinas
ecoam passos silenciosos
Os cigarros seguem-se uns
Após os outros

O abraço negro, gótico, da noite
Sossega-me
Tranquiliza-me
Apazigua-me

A lua vai alta
por cima do Convento do Carmo

Lisboa suicída-se
quieta
aos pés do Rio

Evade-se uma lágrima
Única por si só
Fria da aragem que sopra
Pesa-me a noite nos olhos
por ser tão leve

Sou arrancada deste onírico sistema
Pelo deslizar contínuo dos eléctricos

Movem-se as peças demasiado depressa
No tabuleiro de xadrez
- parem! não é assim, não é assim…
um balbuciar tímido
como quem se encosta
cansado
a uma parede

Ao fundo da rua em choro incómodo
alguém ouvia um blues ...

Os dedos, as pontas dos dedos
não sabem mais o caminho
Não arranjam já os cabelos
que esvoaçam de encontro ao rosto

Estar só nesta cidade
Tão longe de ser banal
E precorrer-lhe as colinas como vértebras
É como caminhar em direcção a uma sala
onde alguém projecta
uma comédia

de risos acabados há muito

Nascem vilões todos os dias
E estão parados, expectantes, ofegantes
No vestíbulo de cada manhã

Se nevasse
agora
em Lisboa
eu acreditaria… juro


Shaktí 08/2006




Agradecimentos:

A foto foi gentilmente cedida pelo meu amigo Rui, de férias, algures na Transilvânea (http://ruipfg.buzznet.com/ ; http://tigerjump.blogspot.com/)




Sou fã dos Beatles...


É verdade! Tenho idade suficiente para isso e penso que bom gosto também. Hoje, na minha adorada estação emissora Radar (97.8) passaram uma sequencia dos Beatles do album "Abbey Road" de 1969, escolhida pelo guitarrista dos Kaiser Chiefs, que achei deveras interessante.
Como se pode não ser feliz quando, logo pela manhã, ao atravessar o Tejo, pleno de luz, se escuta a genialidade dos Beatles no seu melhor.


Golden Slumbers

Once there was a way to get back homeward.
Once there was a way to get back home.
Sleep pretty darling do not cry,
And I will sing a lullaby.
Golden Slumbers fill your eyes,
Smiles awake you when you rise.
Sleep pretty darling do not cry,
And I will sing a lullaby.

Carry That Weight

Boy – you’re gonna carry that weight,
Carry that weight a long time.
I never give you my pillow,
I only send you invitations,
And in the middle of the celebrations
I break down.

The End

Oh yeah alright, are you gonna be in my dreams tonight?
And in the end the love you take is equal to the love you make.


Quem gostar oiça, quem não gostar oiça também porque a sequencia é absolutamente imperdível.

terça-feira, agosto 22, 2006

Desculpem qualquer coisinha…


Vão-me desculpar mas hoje só me apetece mandar toda a gente à merda!
Gostava de estar no Porto e aí já me tinham saído daqueles improbérios que cá em Lx fazem cair o carmo e a trindade.
Ele foi o homem do táxi que tive de apanhar, hoje de manhã, para vir trabalhar que mais parecia que precisava de mudar de fígado urgentemente, com o desatino dos trocos, e eu atrasadissíma, ele é os clientes que parecem que tiraram o dia para me f.. o juízo, ele é os gajos com quem me meto que mais parecem... cala-te boca!!
Não há cú que aguente dias assim parece que anda tudo doido!
Por Júpiter, não me venham dizer que é do calor porque vivi anos a fio nos trópicos e toda a gente queria era ir tomar uns copos à beira mar ao fim do dia e dizer uma palermices divertidas uns aos outros.
Merda para isto tudo, só me apetece marcar passagem de avião para a Papua Nova-Guiné, onde ninguém perceba um boi do que eu digo e eu idem, e não voltar mais, dar em neo-hippie e deixar crescer as unhas até sair a notícia no Guiness.
Já experimentei pôr no pc os Sepultura a gritar, para descontrair, mas a menina da recepcção veio balbuciar que não se conseguia concentrar.
Que ganda porra! Não me apetece nada andar por aí nestes dias! Lisboa já não fica deserta em Agosto como ficava há anos atrás, deve ser da escranfulosa da crise, nem posso precorrer as ruas da baixa à vontade sem ninguém me tocar, buzinar, querer vender merdas que nunca entendi o que são, perguntar-me as horas, as direcções, dirigir-me piropos ao rabo… Irrrrrrrrrrrrrrrrrrrra!
Já pensei ir ali para o cantinho cortar as veias em paz e sossego mas o mais certo era a empresa ainda me descontar o estrago na miséria de ordenado que me pagam.
A ranhosa da senhora da limpeza partiu-me o cinzeiro das pedrinhas outra vez, e a loja já não tem iguais, ai que me passo completamente!!…
Tenho de evitar morder a língua hoje sob pena de morrer envenenada…
Estou farta do mês de Agosto, madem vir o próximo sff… ao menos aí já recomeçaram as aulas de yôga para poder soltar o bicho mau, aquilo é equivalente a Prozac, para mim.
Até me apetece deixar de escrever no meu blog, encerrar para balanço, deixar crescer raízes debaixo das unhas… estou mesmo a perder o juízo!…

... ao menos alguém estar a tocar Jazz e ouve-se no saguão do prédio... vou fechar os olhos e pensar que estou em NY...
..." Aconteceu alguma coisa ao seu assento, Almirante?"
Comandante Montgomery Scott a Almirante Kirk - Star Trek VII: Gerações
... parece-me que oiço a sirene da ambulância lá ao fundo, alguém já tomou providencias e vão-me acabar com este chorrilho de misérias...
Pronto decidi-me! Vou ligar a um amigo e convidá-lo para tomar café na praia do Rosarinho hoje à noite, assim ele dá-me um bocadinho na cabeça, por eu ser tão idiota, e eu fico mais satisfeita por saber que continuo a ser a mesma idiota de sempre.
"Que a fortuna favoreça os loucos!"
Almirante James T. Kirk - Star Trek IV: Missão Salvar a Terra

FOGO E ÁGUA


Era uma vez...

.. um amor impossível entre a Água e o Fogo
Fogo que me queima o peito
Água que te mato a sede
Água e Fogo amando-se em silêncio
nos fundos abissais
onde a lava incandescente
rasga as trevas oceânicas

O brilho saltitante da faísca
penetra no ventre gélido da Àgua
aquecendo-a até borbular de pura felicidade
de entrelaçar os dedos disformes e trémulos
nos moldes dourados da criatura fogosa
penetrando nela até se confundir
até se diluirem ambas
formando gotas pingentes de estalactites
de grutas encantadas
onde o sonho perdura
a felicidade tem o sabor da verdade
... e viver transformou-se numa doce aventura

Shákti 1996

segunda-feira, agosto 21, 2006

Brindo aos finais previsíveis e aos começos improváveis


Sempre que algo termina na minha vida, de forma dolorosa ou apenas como sendo o efectivar de uma morte anunciada, lanço mão dos meus queridos amigos, os quais se contam pelos dedos de uma mão, mas são de ouro.
São aqueles que me escutam, me estreitam nos braços abrigando-me das tempestades das lágrimas sempre demasiado raras.
Sou a pessoa cheia de azares com mais sorte que conheço, porque os amigos são para mim a forma mais importante de relacionamento que alguma vez tive.
Numa época em que o amor não me satisfaz, o sexo me deixa algo indiferente, o trabalho não me dá aquela pica e a família está demasiado ocupada nos seus afazeres, os amigos são a chama que me alimenta, a corda que me puxa de dentro do poço, a mão que me empurra para a frente, as vozes cheias de lugares comuns que fazem tanto sentido.
Posso dizer que algumas das pessoas que cruzam a minha vida de diversas formas neste último ano e meio, têm-me ensinado a viver com os olhos secos, e a dar valor ao que tem mesmo importância, ajudando-me a perceber ainda que de forma tortuosa, por exemplo, que algumas delas não têm efectivamente nenhum valor.
Talvés porque têm sido pessoas de merda, com cabeças vazias e corações feitos de palha, ancoradas no seu espaçozinho podre; a essas vou dizendo adeus, uma a uma, reconhecendo-lhes óbviamente alguns méritos, mas esperando devolver-lhes, tal qual um espelho, a imagem da sua própria fealdade interior.
Depois há as que me surpreendem pela positiva, as que me roubam do meu cantinho quando me enrrolo esperando ficar confortavelmente dormente, aproveitando para carpir as incontáveis mágoas e que me tiram desta posição em que tudo questiono, acenando-me com alguma luz.
São esses os meus amigos, quer me dirijam a palavra sobre a forma de um postal enviado da Hungria, agradecendo não me esquecer dos seus aniversários, quer seja aquele que me incentiva e descreve a positividade de um bom banho de choro para lavar a alma, ou ainda aqueles que vão aparecendo sobre a forma de vulcões e me fazer voltar a renascer e que me dizem simplesmente: gosto de ti, gosto mesmo de ti.
A esses é importante agradecer:
A ti irmão Rui, não de sangue, mas das sagas da vida e dos muitos anos, a ti Kathy, que me dás o teu apoio de mulher, a ti Pedro que embora não sejas o meu princípe encantado, nunca te negas a estender-me a mão e dar-me o beijo de bela adormecida, a ti Marta, lá longe a 300 km, a minha melhor experiencia da estadia de vários anos no Porto, a ti Marco, porque as tuas chamadas normalmente caem que nem ginjas, mesmo que não saibas, a ti Inácio, porque me tens ensinado a ser livre e a cuspir o veneno das coisas inúteis.
Finalmente a ti M., o meu mais recente e tão excitante amigo, talvés ainda não totalmente merecedor de ser inscrito neste rol de estrelas maiores da minha galáxia, mas permite-me um agradecimento por teres ajudado a guerreira a lamber as feridas e por nunca me teres deixado só nestes dias.
Adoro-vos meus queridos amigos, adoro estar na vida porque vocês vivem comigo no meu coração, estejam perto ou estejam longe, quer se afastem ou se aproximem, vendo-vos com frequencia ou de ano a ano, sei que posso contar com o vosso carinho quando a merda atinge as pás da ventoinha.
Por favor, vão-me dando na cabeça sempre que a ocasião se justificar, apesar de não vos poder prometer que consiga não me meter em sarilhos ou que os meus afectos não sejam oferecidos estúpidamente a quem nunca deveria ter merecido óbviamente um segundo olhar.