Hoje de manhã a caminho do trabalho fui vítima de uma louca que me agrediu. Isso mesmo, bateu-me.
Em pleno autocarro cheio de gente, o azar bateu-me à porta sob a forma de alguém que não gosta de apertos nos transportes nem dos costumeiros empurrões para entrar.
Fui à esquadra de polícia da Pç do Comércio apresentar queixa e deparei com um enorme profissionalismo de um dos agentes que me atendeu e do apoio que me deu. Ponto deveras positivo; para me acalmar acabámos por falar um pouco de livros quando revelei o meu local de trabalho. Já lhe mandei um porque a sua simpatia foi enternecedora.
Detesto, por princípio, tecer considerandos de tipo alarmistas ou castastróficos quanto à sociedade em que vivemos, nem que seja pelo facto de viver nela e ser sujeita aos seus "agentes poluentes" mas também por acabar por contribuir, mesmo que de forma inconsciente, para essa poluição comportamental. Igualmente porque as pessoas más são muitas mas as boas também existem; hoje convivi com as duas faces da moeda, infelizmente da pior maneira.
Porém não consigo deixar de pensar que as pessoas estão a enveredar por caminhos assustadores sem se deterem para pensar em soluções pacíficas e da via do diálogo. Parte-se para uma agressão física na primeira hipótese sem equacionar prós e contras de outra solução.
Vi-me assim obrigada a contribuir, desta feita, rasgando o véu de silêncio que todos adoptam, quase sem excepcção, com o intuito de ensinar os que agridem verbal e fisicamente os outros a não ficarem impunes.
A raiva e o ódio são sentimentos passíveis de ser dominados e geridos, explodidos nos locais próprios, ginásios por exemplo com uma boa suadela, não podem ser canalizados como dejectos e despejados nos demais, apenas porque é frustrante andar de transportes públicos em hora de ponta.
Ocorreu-me agora mesmo o arrepiante pensamento: se esta cena se tivesse passado noutro país onde as armas se vendem como rebuçados eu estaria morta, provavelmente, ou se as oito pessoas que tentaram apartar aquela mulher tresloucada dos meus cabelos, não a tivessem conseguido segurar, talves estivesse agora nas ugências de um hospital e não aqui, a escrever-vos esta história, sossegada na minha secretária.
A VIOLÊNCIA JAMAIS DEVERIA SER ENCARADA COMO UMA SOLUÇÃO... POR MUITO QUE NOS APETEÇA E A POSSAMOS CONSIDERA-LA JUSTA NAQUELA OCASIÃO.
Pensem nisso...