sexta-feira, julho 28, 2006

Fumar...


«Active Evil is better than Passive Good» - William Blake

Sou fumadora, muitas vezes compulsiva... é o meu maior defeito, segundo uns, o meu maior pecado quanto a mim.
Sou desportista, não tanto quanto devia, não bebo alcool, sou vegetariana, activista em prol de causas nobres, manifesto-me ruidosamente contra a injustiça, e tento ser benevolente para os menos favorecidos. Por estas razões fumar é um enorme contrasenso.
Tenho uma fixação oral que se manifesta desta forma e de outras também.
Assumo que gosto de chupar no cigarro, absorvendo a nicotina, vendo o fumo a subir lentamente, e não formulo na minha mente nenhuma imagem romântica ou audaciosa de estilo de vida acima da média, pseudo-intelectual ou outras impingidas pela publicidade. Apenas gozo o prazer, sem falsas culpas.
Porém admito que é um vício social, uma muleta psicológica, um escape, what ever...
O cigarro é meu companheiro na escrita, como agora, arde como ardem as emoções, sempre perto de mim. Já tentei deixar, claro, sou uma pessoa consciente mas o hábito faz este monge reincidir sempre.
Concordo com todas as medidas anti-tabagistas que acho algo hipócritas mas respeito sempre quem não fuma, regateio ocasionalmente, mas respeito.
Deploro e critico uma mulher grávida que fuma, e quem fuma ao redor dela, nunca penso sequer em fumar se estiverem crianças ou doentes por perto, e se alguém se sente incomodado com o meu cigarro em qualquer circunstância, desculpo-me e apago o vício onde posso.
Mas eu fumo...
Faço-o a escrever, a ler, deitada na cama, antes e depois do sexo, a beber café, depois de comer, quando estou nervosa e quando estou relaxada, depois de sair do yôga, quando os colegas já foram embora, escondida, clandestina.
Acho sensual uma boca em volta de um cigarro, sugando o objecto, devagar ou sofregamente, gosto da névoa que se forma à volta das pessoas, como que a reproduzir o meu fenómeno atmosférico favorito: o nevoeiro.
A névoa do cigarro, para mim, para ser realmente perfeita, deveria produzir trovoada com raios, 2º fenómeno atmoférico que mais aprecio.
É um assunto polémico o do cigarro, estou certa disso, mas altamente pecadora confesso, não consigo passar sem ele, como me custa igualmente passar sem sexo.
Não tem nada a ver? É provavel... mas são duas adicções que não me transtorna nada admitir.
Fumadores? Não fumadores? Manifestem-se, opinem.

quinta-feira, julho 27, 2006

Babe, u can leave your boots on...



Por falar em homens de botas...

Estas não são as minhas botas favoritas, mas ele não está nada mal!

Faz-me recordar um escorpião macho há algum tempo, numa dança de fogo...

Tinha a boca irressístível do Humphrey Bogart, um estilo muito noir, uns olhos doces, uma perdição.

A casa era velha, cheia de tralha, as pinturas dele, as recordações do pai, as desventuras e venturas amorosas próprias segredadas a dois, em pleno Bairro Alto.

Descobriu-me um buraquinho nas meias pretas de rede enquanto me lambia e mordia... eu gemia deliciada e disse-lhe: Esse buraquinho é parecido com aquela cena do filme " O Piano", quando o pecado ameaçava surgir e crescia já, irremediável, não te parece?...

Ele concordou e regressei a casa com as meias negras de rede feitas em tiras...

... ele nunca tirou as botas, fantástico ser... botas negras pesadas de biqueira de aço... hummmmm...

na manhã seguinte chovia uma morrinha suave...

pena teres sido sempre um envergonhado... assustei-te foi?



Saltos Altos


Gosto deles, não os uso com frequencia, admito contrafeita, mas gosto de os ver, de olhar para eles, de sentir a sua textura, o salto em bico a terminar numa agulha fina.
Azuis, vermelhos, pretos, de verniz, de pele, com brilho ou sem ele, um salto alto é algo indissociável do meu imaginário feminino.
Não digo que cheguem a ser um fetiche;
O fetiche para mim são as botas de homem, pecadora me confesso, adoro-os de botas, não posso fazer nada está-me no ADN. Claro que não é todo o tipo de botas, mas gosto de quase todas.
Mas falava-vos de saltos altos... são belos, sensuais, sexys, e fazem pelas nossas pernas, pelo nosso corpo, algo que outros adereços deixam incompleto.
Viramos Deusas e sentimo-nos num pedestal!
... e vocês... gostam?...

Mais piadinhas... viajam aos pares...

Piadinhas...

quarta-feira, julho 26, 2006

Pensamentos ao pôr-do-sol...

O sol estava a desaparecer e a noite caía mansamente.
Ainda se sentia algum calor mas a brisa soprava a ponto de me desalinhar os cabelos.
Em vez de ir para casa e cumprir a rotina diária, desci a colina e fui até à praia. A areia estava morna e clara, sentei-me e olhei para o sol que se punha.
Alguma coisa estava errada neste bucólico quadro de fim de tarde... uma mulher, ainda jovem, sentada sózinha na areia assistindo a um cálido final de dia na praia... o que poderia ter esta cena de tão errado?...
Talvés seja a constante tristeza, as mudanças de humor, o sobrolho carregado, a falta de paciencia para as tarefas do dia-a-dia, a respiração que se acelera quando certos pensamentos afloram a mente.
- Problemas de "coração"?... - perguntou-me um amigo há uns dias atrás ao ver-me mais absorta que o habitual defronte de um café misturando um açúcar que nunca ponho.
- Que tolice!, respondi eu - sabes que não tenho esse tipo de problemas, conheces-me bem, eu nunca me apaixono... nem sequer acredito no amor!...
Porém agora ao pensar na minha resposta pronta, parece-me hoje que foi dada hà um milhão de anos atrás.
Mas sim, é verdade, não acredito no Amor, essa figura mítica sobre a qual tantos teorizam e descrevem de tantas formas. Porque não me dirá mais nada esta figura, passando-me quase ao lado?
O Amor é o sentimento humano que mais se presta a mal entendidos, uma emoção que tantas vezes pode pairar entre o Espaço e o Tempo: estarmos nós cá e ele lá, do outro lado, e ser como uma ténue inspiração, o reconhecimento fraco mas mediúnicamente possível, como se sempre tivessemos a certeza de uma nova teoria da Física, algo que sempre pairou no Eterno.
O Amor pode não ser mais nada além de simples histórias e palavras que se vão desfiando mas profundas nos nossos corações, como um conto infantil que vamos sabendo reconhecer sempre que lembramos as suas personagens.
Muito devagar vamos compreendendo essas personagens de cada uma das histórias, podemos ver-lhes as alegrias e tristezas como um reflexo das nossas, desvendando todos os "devia" e "não devia" que interiormente nos têm governado desde sempre.
Passamos as nossas vidas todas ponderando estas duas premissas e sempre que nos libertamos delas, dá-se uma transformação tal qual uma semente que lança raízes na terra e cresce.
Todos temos o direito de duvidar das nossas tarefas nesta estrada da Vida, de vez em quando abandonamo-las, mas nunca as esquecemos.
Talvés a questão seja os nossos desejos, alimentamo-los, eles crescem dentro de nós; como quando desejamos uma flor, colhemo-la e dentro de uns dias ela murcha e morre, o desejo permanece e queremos outra flor.
Este ardente desejo requer um número infindável de flores porque, esfomeado, não se extingue, não se aquieta. Os desejos não têm limites e tal como o espírito, também eles não têm forma nem fim, surgem um atrás do outros como pensamentos.
Procura-se então equilibrar esta balança satisfazendo outros desejos: o sexo, as compras, os copos com os amigos, ler e escrever até doerem os olhos e os dedos.
Sente-se assim alguma forma de "prosperidade" emocional, aprende-se a lidar com a zona obscura do mistério da solidão.
A felicidade, sempre fugás, sempre efémera, acontecerá então como fruto directo dos nossos actos? Então os porquês, tantos como grãos de areia, cadenciam em cada dúvida: será isto bom para mim? Será esta pessoa melhor que a outra anterior e pior que a seguinte? Serei punida ou serei recompensada? Valerá a pena...
Provavelmente a figura lendária do Amor não me diz nada por receio da rejeição ou por medo de virar uma cópia das ideias de alguém.
Nunca nada disto me preocupou muito e os instantes de silêncio que passo a escrever, abrindo as comportas da alma, funcionam como uma limpeza da acomulação de tóxinas do passar dos dias e dos turbilhões das emoções, como se me suprimisse para auto manutenção.
Tálvés continue a sorrir ao instante mágico do pôr-do-sol que finalmente se completa deixando vir a noite que começa a arrefecer-me a pele.
Há um quase valor instantâneo adquirido, uma micro-felicidade quando mergulho os dedos na areia branca e sinto os grãos viajarem anos-luz ao meu encontro, sinto-me consciente dessa unidade e do seu poder.
Respiro fundo e longamente...
Continuarei provavelmente sem compreender porque as relações amorosas resultam ou não resultam, se servem para alguma coisa e para quê afinal existe a figura atormentada e veloz do Amor, tão frágil mas tão marcante; afinal ele raramente nos dá aquilo que achamos que temos o direito de receber!...
Tento elevar-me acima da minha ignorância e pensar que, como disse Cristian Jacq, " o orgulho é a coragem do viajante que nunca se confessa vencido diante do mistério".
Os obstáculos nunca serão vencidos totalmente se não formos capazes de nos vencer a nós próprios.
... levanto-me, arranjo o cabelo em desalinho, sacudo a areia das calças e dirijo-me a casa.
Estou sózinha e tenho um leve sorriso nos lábios... afinal foi apenas mais um entardecer.


( a citação de Cristian Jacq pode ser encontrada na obra " A viagem iniciática ou os trinta e três graus de sabedoria" na pág 33 da editora Pergaminho; a foto tirei da net num qualquer site que não me recordo agora)

terça-feira, julho 25, 2006

Pintura e poemas 1






A pintura que aqui se encontra é de Isabel Lhano e o poema de José Carlos Soares

Desenha um caos
Quando passares a tinta em minha pele
e olha
O mundo a teus joelhos
Organizando o sal
Da razão ainda nele







segunda-feira, julho 24, 2006

Niveis de poluição on-line - Rede Ozono

Um novo site foi criado na internet e fornece-nos informações sobre os níveis de poluição em qualquer das regiões europeias em que os dados são actualizados hora a hora ( http://www.eea.europa.eu/maps/ozone/map ).
Estes dados são recolhidos por mais de 500 estações de monotorização da qualidade do ar.
Este site contém informações úteis e diversificadas para quem se interessa por estas temáticas e podem ser analisados dados de todos os países da UE e de outras regiões com importância bio-geográfica.
O site é da responsabilidade da European Invironment Agency ( http://www.eea.europa.eu/main_html ) onde também podemos ter acesso ao vídeo EEA Video News Release on climate change .
O site tem inúmeros links de acesso a informação interessante.

2ª Edição do Lisboa Soundz Festival... eu fui!!


Num espaço à beira Tejo, em Lisboa, no dia 22 de julho, com um calor abrasador mas com alguma brisa fresca mais para o final da noite, valeu a pena ter esperado para ver The Strokes e She Wants Revenge, ao vivo.
She wants Revenge, com som marcadamente Joy Division e Depeche Mode, os tiques do vocalista Justin Warfield, o rock com influências electrónicas a puxar o corpo para a dança, libertou-nos a todos e fez-nos transpirar pela primeira vez naquela tarde no Terraplano de Santos.
Uma certa desilusão pairou sobre a actuação dos Dirty Pretty Things que, de uma forma ou de outra, não conseguiram agarrar o público, na minha opinião, claro, ao seu estilo punk/rock britanico. Várias quebras de ritmo resultaram num som cru e, sem apostarem na desejada interacção com o público português, mesmo quando chegados ao tema 'Bang Bang You're Dead', não conseguiram mais que uma posição expectante.
O grupo carioca Los Hermanos foi uma surpresa para mim, deu para curtir o som pop/rock proposto até porque trazem uma secção de instrumentos de sopro muito interessantes.
Não vi Isobel Campbell, a ex-vocalista dos Belle & Sebastian, nem Howe Gelb e o grupo canadiano de Gospel que o acompanhou, porque não me pareceu pertinente ir assistir.
The Strokes, chegaram, abriram a sua prestação a rasgar e em menos de 1 minuto já se viam cabeças saltitantes, pés no ar por causa do moch e o próprio Julian Casablancas, vocalista da banda, não se fez rogado, sensivelmente a meio do espectáculo, em se juntar aos seus fãs, descendo do palco e misturando-se com a multidão, sem deixar de dar os desafinanços habituais, e com os quais ninguém se importou minimamente.
Cantaram quase tudo o que nos apetecia ouvir até porque todos pareciam preferir as canções que integram "Is this it", o primeiro e mais elogiado álbum da discografiada da banda. Brindaram-nos igualmente com temas incluídos no seu mais recente trabalho, "First Impressions Of Earth".
Os cinco magníficos levaram-nos ao rubro com temas como "Someday", "Hard to explain", "Ask Me Anything" ou, entre outras, "Last nite" e comoveram com o tema "I've got nothing to say..."
Os Strokes não resistiram aos pedidos de encore, terminando o espectáculo em apoteose com "New York City Cops" e "Take it or leave it", nunca desiludindo os seus largos milhares de fãs delirantes.
Em termos organizativos o Lisboa Soundz não se compara ao já muito bem extruturado Super Bock Super Rock, pois havia muito pouco por onde escolher se quisessemos matar alguma fomeca. Claro está que a cerveja não faltou, abençoados!
No compto geral foi positivo e para o ano espera-se nova edição, revista e aumentada, até porque, finalmente!, a oferta de espectáculos de verão na capital e arredores, parece já revestir-se de muita qualidade para todos os gostos e tendencias musicais.
Ouvi dizer que o rock morreu!! Porém não me parece boa ideia declarar o óbito desse estilo musical sem primeiro ouvir bem os Strokes!
O Rock está bem vivo e recomenda-se!!