O pior:
Fui ver a suposta sensação cinematográfica do momento, "A Dália Negra" e não gostei tanto como esperava.
O filme a nível visual e estético é belo, apostando forte num look retro, a fotografia "a sépia" é maravilhosa, recriando o cenário próprio dos finais da década de 40. Prevêm-se óscares para estes senhores: Dante Ferretti, designer de produção e Vilmos Zsigmond, fotografia.
Porém as representações são imensos tratados de puro tédio. Pela primeira vez detestei ver na tela actrizes de excelência com Hilary Swank e Scarlett Johansson, parecendo encolhidas dentro dos espartilhos de papeis desempenhados sem imaginação ou emoção. Nem Mia Kirshner, a dália negra, originalmente chamada de azul, se safa.
Atendendo à enorme fama que este crime teve em 1947 e seu também subsequente famoso livro de James Ellroy, grande mestre de policiais "noire", que serviu de inspiração a De Palma, esperava-se um filme portentoso, como foram Scarface, Os Intocáveis e LA Confidential, de Brian de Palma.
Contudo, e apesar da carga dramática e de intriga do livro, de notar que a mãe de Ellroy teria sido brutalmente assassinada e igualmente o autor do crime nunca foi descoberto, e do exorcismo que este faz do seu drama pessoal no livro, De Palma pareceu ter receio de deixar voar as estrelas do seu elenco, pois o material de representação seria mais que suficiente para os óscares ficarem todos já aqui e não se falava mais no assunto até final da temporada. Apenas Aaron Eckhart pareceu ter alguma noção do que é um detective obcecado por um caso insolúvel, resultando daí uma personagem com maior credibilidade.
O filme a nível visual e estético é belo, apostando forte num look retro, a fotografia "a sépia" é maravilhosa, recriando o cenário próprio dos finais da década de 40. Prevêm-se óscares para estes senhores: Dante Ferretti, designer de produção e Vilmos Zsigmond, fotografia.
Porém as representações são imensos tratados de puro tédio. Pela primeira vez detestei ver na tela actrizes de excelência com Hilary Swank e Scarlett Johansson, parecendo encolhidas dentro dos espartilhos de papeis desempenhados sem imaginação ou emoção. Nem Mia Kirshner, a dália negra, originalmente chamada de azul, se safa.
Atendendo à enorme fama que este crime teve em 1947 e seu também subsequente famoso livro de James Ellroy, grande mestre de policiais "noire", que serviu de inspiração a De Palma, esperava-se um filme portentoso, como foram Scarface, Os Intocáveis e LA Confidential, de Brian de Palma.
Contudo, e apesar da carga dramática e de intriga do livro, de notar que a mãe de Ellroy teria sido brutalmente assassinada e igualmente o autor do crime nunca foi descoberto, e do exorcismo que este faz do seu drama pessoal no livro, De Palma pareceu ter receio de deixar voar as estrelas do seu elenco, pois o material de representação seria mais que suficiente para os óscares ficarem todos já aqui e não se falava mais no assunto até final da temporada. Apenas Aaron Eckhart pareceu ter alguma noção do que é um detective obcecado por um caso insolúvel, resultando daí uma personagem com maior credibilidade.
Brian de Palma, confesso seguidor do estilo de Alfred Hitchcock, não esteve desta feita, na minha opinião, á altura do seu mestre.
Um filme de sensualidade duvidosa, pois destituído da emoção que a sensualidade erótica oferece, e algo rebuscada neste exercício cinematográfico de cherchez la famme, fatale, claro.
Reparem na cena do cabaret lésbico, com a presença por 3 minutos de K D Lang a cantar, é a cena mais sensual de todo o filme, para mim, não obstante a suposta cena de sexo tórrido em cima da mesa da sala de jantar entre Miss Johanssen e o actual namorado, Josh Hartnett ( um enorme sensaborão). Ela queixou-se que a coisa não correu nada bem e nota-se a falta de química entre os dois na tela, aliás a trama decorre em triângulo amoroso a maior parte dos 121 minutos.
Reparem igualmente na família altamente disfuncional retratada nesta grande-metragem, marada até à medula.
Porém, eu fiquei desapontada. Mais ainda porque é o meu estilo de filme, de um cineasta que aprecio, baseado num crime ainda por solucionar (na estávamos nos tempos do CSI, entenda-se), numa década que considero estéticamente bela, retrata as ambiguidades humanas, tema muito interessante para mim, o look recto é um dos meus favoritos, uma trama que explora o mais obscuro da personalidade feminina (elas quando são más são melhores ainda!!!!), baseada numa obra de um dos meus escritores policiais favoritos e afinal foi um anti-climax...
O melhor:
É um filme que paira entre a andrógenia e a extrema feminilidade do princípio ao fim, numa época em que as mulheres pouco mais tinham que a sua beleza física para se afirmarem e os seus imensos dotes de fazedoras de intrigas; as personagens masculinas quase nem se dá por elas aqui. Foi o que mais me fascinou, ver até que ponto pode ser fatalmente manobrado o ego masculino. O preço a pagar é caro, sabemos de histórias idênticas de stars caídas em desgraça e marginalizadas, como foi o caso da famosa Norma Jean, em ascenção na altura.
Durante muito tempo a morte, algumas vezes oferecida pelo stablishment, profundamente masculino na época, premiou as mais rebeldes.
Ácerca dessa temática o dedo foi posto na ferida pelo romance "Hollywood Babilon II" de Kenneth Anger onde, aliás, o filme se baseou em grande parte para tentar "solucionar" o assassínio de Elisabeth Short.
Nota final:
Apenas uma coisinha sem importância, as loiras do filme são belas, mas as morenas são deslumbrantes até ao divino... e de saltos altos, sempre.