sábado, outubro 28, 2006

O aborto de Deus


As noites são cheias de profundos mistérios, são ora quentes ora frias, conforme nos dispomos a olhar as estrelas em estado de reflexão.
No passado apenas as estrelas e pouco mais iluminavam os passos dos homens e das mulheres que se dispunham a caminhar juntos.
Os passos de uns e outros entrecruzavam-se e, aqui e ali encaixavam-se mesmo.
Não digo que não o façam agora, mas as tentativas são mais vãs, ou mais imprecisas.
Assistimos à era do aborto de Deus, que não deixamos de ser todos, apesar de acreditarmos termos sido feitos à sua imagem e semelhança.
A religião e as crenças dos homens são discutíveis e discutidas pelos próprios, bem como os seus propósitos orientadores.
Contudo deparo-me com outras crenças, talvés igualmente cimentadas por esses mesmos homens, pela Humanidade, no seu todo.
Não só as pessoas se afastaram dos seus postulados religiosos, sejam quais forem, como são vistas vezes sem conta a negarem a imagem dos dogmas que os viram nascer.
Ajudar alguém desconhecido, alguém que pede nas ruas, desventuradamente, tão longe e tão próximo de nós todos, parece apenas provocar a repulsa ou a indiferença nos seus congéneres de raça.
Não acredito que quem trabalha e se esforça horas a fio nos seus empregos, deva ter de ser obrigado a sustentar a imensa urbe cheia de mendigos, mas acredito igualmente que não dói dar.
Seja sangue, seja comida, sejam algumas moedas que podemos ter na carteira ou nos bolsos, não digo a mais, mas dispensáveis.
Gosto de olhar os mendigos nos olhos, como olho todos os outros seres humanos, quer quando falo com eles quer quando falam comigo, porque estão lá e não apenas porque são o produto daquilo que a sociedade excreta. Mesmo que seja para lhes dizer não.
São muitas vezes o resultado atróz do nosso excesso de bem estar transformado em adormecida insensibilidade de quem tem, de quem compra, de quem entra numa loja e pode sair de lá com um saco cheio de algo tantas vezes inútil.
Os mendigos da nossa cidade vieram para ficar, estendem-nos a mão de manhã à noite, mas não nos dão os sulcos do caminho dos seus pés para experienciarmos a sua tragédia pessoal.
Da mesma forma não lhes podemos ensinar o caminho do quente dos lençóis lavados das nossas camas, porque essa é a nossa vivência, mas também já foi a deles, de muitos deles.
Por detrás dos olhos secos dos mendigos pendurados nas sete colinas de Lisboa, estão homens e estão mulheres, ainda crianças alguns deles, demasiados deles, e se governos e instituições não podem ou não querem fazer o que devem, compete-nos a nós, felizes comtemplados de cear na mesa opulenta dos tempos modernos, olhar por eles e para eles.
E dar, nem que seja apenas uma vez de longe a longe, ofertar um naco, ínfimo é certo, sem a pretenção de ser a salvação daquela alma, mas resgatá-lo, naquele preciso instante, em que as mãos se estendem em uníssono, um a dar o outro a receber, salvá-lo da imensa ignomínia do esquecimento, mesmo que por segundos.
As crenças tatuadas em forma de números, preços, cifrões, pode ser a crença dos dias que correm e não a da assitência aos menos afortunados, entre outras, porém o verdadeiro prazer que apenas se encontra no eterno da partilha, pois apenas o que é partilhado é eterno, será digno de pertencer à egrégora do colectivo universal.
Isto significa que os males de todos pertencem ao todo, essa é a verdadeira globalização e moramos todos numa aldeia cheia de sofredores e de penosas dores e não pensemos que vamos ter, em breve, a visita do Messias para jantar.
Na realidade estamos todos sentados num imenso banquete de mendigos.

terça-feira, outubro 24, 2006

O efémero





" Efémero é o humano. Efémero é estar exposto ao que os dias trazem." - António de Castro Caeiro in Píndaro, Odes Píticas

O que fazer da realidade e dos dias concretos que nos envolvem? Que dizer dela e da finalidade dos nossos dias finitos, tantas vezes inadequadamente aproveitados?
Ah, a realidade... sim, essa coisa baça que nos rodeia. A verdade e a mentira, os desesperos, os claros e os escuros do escorrer dos dias e das horas.
As verdades tecidas entre os dedos, teorizadas, abstratizadas, impoderáveis, insustentáveis na leveza do ser.
As mentiras, designações pejadas de anticorpos, aprendemos algum dia a defender-nos delas, assimilando-as como tecido morto que atiramos fora como dejectos?
Sofremos com as verdades e somos derrubados pelas mentiras. Já Kant dizia "um mundo sem mentiras não podia ser habitado por seres humanos".
Se a chuva lava as pedras lisas das ruas que pisamos poderá a verdade pelar a nossa alma, despindo casca a casca, camada a camada, retirando o que não necessitamos para nos esconder?
Esconder-nos-ìamos mesmo assim? Ou seria de nossa escolha viver ainda na mentira se esse cobertor negro nos aquecer, nos confortar?
Vivemos fora e dentro nesta asfixia, neste paradoxo, estamos no zénite da verdade baloiçando no limiar de uma qualquer tosca mentira, porque nela aprendemos a viver, é a nossa casa.
Escolheríamos abandonar um lar absurdo e vil porque a verdade nos libertaria? Optaríamos pelo dia se a noite, demasiado escura, não nos ensinasse mais o caminho para os olhos dos outros?
Somos nós que mentimos ou são os outros a quem não contamos a verdade que nos levam a construir metáforas de qualidade duvidosa, alimentando assim este interminável carrocel de corações botos?
Não sou capaz de conclusões, demito-me de as considerar. Preplexa destes amplexos do efémero do ser, teço palavras, ideias, tanta vez sem cor. Coloco-as ao pesçoço, são colares desbotados, anelados de palavras, pendem como grãos que se esfarelam quando lhes toco.
Ao frio da vida evoco as imagens ternas e quentes das folhas altivas das acácias, lá longe, perdidas em qualquer mapa mal definido, coordenadas de uma bússola com defeito.
São as vozes dos antepassados, os seus valores que oiço como sons cósmicos, poeira de tudo o que somos feitos, luz de estrelas, ossos, pele e músculos, bocas, narizes e orelhas, as palavras são braços e das suas extremidades nascem mãos.
Olho as mãos e são a uma e outra vez as minhas, conheço-lhes as linhas, são sulcos de carne, estiveram na terra, escreveram linhas e círculos.
Afasto-me... de longe observo... na areia, como um bosquejo, está escrita uma só palavra:

P A Z


A pintura é de Paula Rego e chama-se " the blue fairy whispers to pinocchio"

segunda-feira, outubro 23, 2006

Acende uma vela!!


http://www.lightamillioncandles.com/

Vai a este site e acende uma vela, apenas isso. Dá a tua contribuição e luta desta forma contra o flagelo incompreensível mas real da pedofilia.

ESPALHA A MENSAGEM!

domingo, outubro 22, 2006

Denunciar impõe-se!


Esta história que vou dividir convosco, não só é absolutamente real como vai ser contada na primeira pessoa do singular.
Desde 6ª feira passada tenho vindo a ser sistemáticamente importunada por um sujeito, óbviamente desiquilibrado, que tem tentado, da única forma que tem acesso à minha pessoa, ou seja via telemóvel, levar-me a aceder a conhecê-lo.

Em 40 anos de vida, de muitas aventuras e peripécias, nunca tal me tinha acontecido!
Ver o meu tempo, a minha paciência e integridade, serem ocupadas por alguém desconhecido, contra a minha vontade e sem que para tal tenha contribuído, provocado ou desejado, é algo que julgava impossível de acontecer.

Acontece que, segundo este alucidado, "alguém" lhe forneceu o meu contacto sem o meu conhecimento ou aprovação, e como supostamente sou ou fui descrita como, E CITO, sózinha, carente e carinhosa, este "diabo da tansmânia do sexo", divorciado, chamado Jorge, com 35 anos e de Setúbal, teria descido à terra para acabar com os meus dias de miséria.


Como ainda me assiste o direito de usar o meu corpo e tudo o que me pertence da forma como me apetecer ou der na real gana, mandei este "enviado dos deuses" levar com ele as suas pútridas patas e intenções, sensibilizando-o a revelar quem lhe teria encomendado o "serviçinho".


Qualquer cobarde responderia pela negativa como ele o fez e logo colocou as garras sujas de fora quando lhe pedi para me deixar em paz e reforçei a ideia questionando qual teria sido a parte do "deixa-me em paz", que ele não teria entendido. Respondeu, claro, com o chorrilho habitual, misógeno, esquisofrénico, impotente e tipicamente masculino de improbérios ordinários em que puta foi um miminho. Como resposta só podia tê-lo mandado levar no sítio onde as costas mudam de nome!!


Felizmente, seja sexualmente seja em termos de amizade, sempre me entendi bastante bem com quase todos os elementos do sexo oposto com os quais me vou cruzando ao londo da vida, tanto mais não seja que ponho a andar quem não me respeita ou mente e raras vezes perdoo uma ofensa.


Alguns amantes são agora amigos, alguns amigos permaneceram sempre assim, outros foram ficando pelo caminho por diversas razões que se prenderam com a minha decisão ora de não os voltar a ver, ora eles não me voltarem a ver a mim - democracia acima de tudo, quando um não quer dois não discutem.
De qualquer das formas esses foram rápidamente esquecidos e obliterados, quase sempre sem mais nenhuma lembrança, boa ou má. Porém, perante esta situação, inédita na minha vida, fico a pensar quem poderá chegar à conclusão, enquanto calça uma meia e outra, diz de si para si:
- Hoje vou f... a vida àquela fulana!... Vou divertir-me às custas dela!

A vocês nunca vos aconteceu pensarem isso?... bem o natural será responderem que não, claro. Ninguém está, hoje em dia com tanta merda que nos acontece nos mais variados sectores da nossa vida, para ainda chegar à brilantissíma ideia que vai presseguir alguém, cobardemente, só porque foi rejeitado, ou esquecido, ou ignorado, ou eu sei lá mais o quê!!! Ressalve-se que respeito sempre as pessoas mas não sou a sopa dos pobres.
Os Homens e as Mulheres mudaram muito neste últimos 10, 15 anos, não sei se para melhor ou para pior, porém uma coisa é certa e difinitiva: SOMOS DONOS DO NOSSO CORPO!!


Damos o nosso corpo ou não a quem queremos, não precisamos de rastejar atrás de ninguém, por muito fascinante que essa pessoa seja, porque existem milhões de outras por aí. A net permite-nos contactos rápidos e só vai conhecer gente quem quer, ninguém obriga ninguém a nada: É O TOTAL COMUNISMO NOS CONHECIMENTOS, O GRUPO, O CONJUNTO PREVALECE, EM DETRIMENTO DO INDIVÍDUO.


Isto significa ao mesmo tempo que temos o total direito de dizer NÃO ao que nos apetece ou ao que NÃO QUEREMOS! E sem mais explicações!


Assim sendo, AOS ASSEDIADORES DESTE MUNDO, se vos digo que NÃO, tenho o direito de fazê-lo e de escolher se vou com este ou com aquele, SEM SER POR VÓS CONSIDERADA PUTA OU VACA, pois é devido à grosseria de muitos de vós homens, - resalvo que não todos!! - que as mulheres se afastam quando até parecem já estar no papo!


Este atrasado mental, lobotomizado e alienado , trazido até mim por 3 dias ( até ver...), através de um abuso de confiança de alguém que me conheceu ou conhece, e que usou da violência verbal, de ameaças à minha integridade física e moral - na figura do sei quem és e onde moras! -
este infeliz que não tem a lucidez de ver que está também ele a ser manietado para perpetrar uma sinistra vingança, este tipo de homem espelha o vilão da noite dos tempos, aquele que pensamos já nem existir, porque nenhum homem está hoje para ser assim, nem precisa, são este tipo de pessoas que nos fazem reflectir e ver o que tão pouco evoluimos como raça, como espécie.


Este comportamento de predador cobarde, acobertado atrás de outro homem, e escondido por um número de telefone móvel sem possibilidade de identificação, faz parte do imaginário de horrores de quem está sossegado no seu canto, a jantar com os amigos, ou em casa de pijama a ver televisão, imaginário que apenas temos acesso quando sabemos de uma ou outra história, como esta que agora denuncio e divulgo.