Vamos agora ao TWEETY.
É um sacana de um canário amarelo que ninguém consegue deixar de gostar, mesmo que não se queira, porque não faz mal a uma mosca.
Ele pressegue impiedosamente a próxima malandriçe com o mesmo zelo com que devora alpista e sementes de girasol.
É jovem, não tão jovem como já foi um dia, mas que se lixe, o mercado está cheio de penas soltas ao vento, ansiosas por ouvir uma da suas piadas ditas naquela vozinha disléxica que todos conhecemos.
O Tweety não se veste, consome roupa, o Tweety não sai, vai curtir, o Tweety não tem namorada, tem amigas coloridas.
Nunca lhe aflorou sequer à mente assumir a pesada pena de se associar a uma canária para toda a vida, cruzes credo, lagarto, lagarto. Se o fez, por precalço do destino, então o destino é para se ir levando, pois não sofre de problemas de consciencia "what so ever", e se a canária tem a testa mais enfeitada que a Rua do Ouro no Natal, é sinal que ele não está morto.
Este simpático "herói" gosta de futebol mas muda de clube conforme aquele que está mais em voga, pois porque cargas de àgua há-de andar metido em discusões e polémicas, se pode todos os anos fazer uma farra no Marquês sempre que o campeonato termina.
Tweety tem nas novas tecnologias a sua maior fonte de alegria, é adepto dos chats da Net e, ocasionalmente, tira as sua penas farfalhudas em frente à WebCam se a gaja for mesmo de jeito, ou se for atrevidota e o elogiar q.b.. Claro que depois no dia seguinte troca impressões vastas e algo empolgadas com os outros Tweety, os quais se deslocam em bando, vestem mais ou menos de igual e possuem todos o mesmo vocabulário de chorrilho de palavrões e parvoíces de bradar aos céus.
O Tweety nunca sairá de casa dos pais, ou se tem casa própria, a mãe ou a tia vão lá com frequencia dar uma geral, deixar umas caixinhas de sopa de feijão e massa com carne, porque o menino não sabe fazer nada, coitadinho, lavam e passam a ferro e desencardem a parede junto ao computador, queixando-se que estas construções hoje em dia são uma porcaria porque o branco da parede está todo manchado.
O Tweety quando vê tv, vê o MTV, o zapping é a sua religião, não gosta de cinema se não for comédia adolescente, nunca abre um livro se este não tiver figuras em todas as páginas e aborrece-se facilmente quando tem seja lá o que for para fazer.
Agora existe uma raça nova de Tweeties. Os que passaram a casa dos 30 e ainda não acreditaram, alimentam horrorizados a esperança que quando prefizerem 40 anos o mundo já acabou.
Adoram mulheres mas têm um medo delas que se pelam, nunca as entenderam, e acham que também não é coisa que se faça nos dias de hoje.
Não percebem muito bem onde estão nem para onde vão mas também não entendem porque as pessoas se preocupam com estas coisas.
Não se consideram nem maus nem bons, mas acham a vida gira especialmente quando estão a curtir uma partidinha de snoocker com os amigos.
Acham imensa graça ao canal 2 da RTP no dia em que passa bola de manhã há noite e mudam para os anúncios da TVI quando está a dar alguma coisa que não seja bola.
Esta espécie de Tweety , mais entradote, dá concelhos à outra estirpe de Tweetys mais novos, especialmente "como comer uma gaja em 72 horas e pô-la a andar em 10 minutos, caso não nos dê o ka gente ker".
O seu slogan é " um macho não chora, não se compromete e diz sempre não no começo das frases".
Suspeita-se que os Tweetys considerem o James Bond "um kota fixe que anda sempre com umas cenas baris e umas gajas bué da boas, mas tá já passado de todo" – comentário recolhido em reportagem clandestina dito à boca pequena.
Não se sabe se os Tweeties serão o futuro ou se estão em vias de extinção, aguarda-se o decorrer do milénio para análise psico-sociológica mais apurada.