sexta-feira, dezembro 29, 2006

2007 - O ano do Porco


Júlio Pomar ( autor da tela na foto) gostava deles, dos porcos, mas eu confesso que não é bicho que me motive grandes ponderações.
Porém o ano lunar que se avizinha, para os chineses, é o ano deste bicharoco. Eu sou Cavalo, de Fogo, exclusivo de anos bissextos e que acontece apenas de 60 em 60 anos; um signo considerado muito esquisito na China e especula-se que fariam eliminar as crianças sob ele nascidas, especialmente se fossem meninas. Nunca percebi porquê...
De qualquer forma já vamos assistindo a alguns aproveitamentos comerciais como e o caso do relógio da Swatch, feioso por sinal.
O novo ano promete ser um mergulho no conhecimento: "Júpiter influencia para a busca de um conhecimento maior de si, do outro e de tudo que está ao redor e favorece a ânsia pelo conhecimento profundo, que vai além do que já existe. Júpiter é o desejo, é a ousadia impulsiva, o que leva o indivíduo adiante, mas como tudo tem duas faces, o ano terá favorecido o aspecto do exagero, da falta de limites" (http://port.pravda.ru/sociedade/cultura/27-12-2006/14647-anodoporco-0)
Estes são alguns dos aspectos astrológicos para quem se pela por estas coisas, não é bem o meu caso, mas tinha que escrever aqui qualquer coisita nem que fosse como pretexto para vos desejar a todos um Feliz ano Novo!!!
De preferência que nos calhe em sorte porcos gordos e luzidios, porque de leitões escanzelados estamos todos fartos...

quinta-feira, dezembro 28, 2006

Countdown to the desapointement


O que é um desapontamento? É um estado de espírito, uma tarefa inacabada, um meio passo de dança a caminho do abismo? Rodopiando à volta dos corações decepados o que vemos? Dor, mágoa, privação externa de sensações?
Quem somos nós quando alguém nos desaponta?
Existimos nós dentro dessa pessoa ou ela viveu tempo de mais dentro de nós?
Somos o quê quando amamos alguém? Somos o amor, somos a pessoa, somos o sentimento, somos a parcela que quer ser e sair de nós ou viramo-nos para dentro introspectivamente e ficamos a contemplar, em expectativa, o que essa pessoa faz nascer?

Quando decidimos decidir que não amamos nem queremos saber de alguém que processo decide coexistir com a nossa vida normal, de todos os dias?

Dentro de mim vi e gostei de sentir o que aquela pessoa era quando estava comigo. Vi-o crescer, florescer, argumentar com pés e cabeça os pensamentos que, há poucos meses apenas, nem sabia que existiam.

Que se faz quando se desiste de trazer o coração de alguém pela mão e de se falar com essa pessoa como se ela tivesse 4 anos de idade e se encontrasse perante o casting arriscado da vida?

Como se ensina alguém a não mentir e a se desmentir na mentira? Como podemos alfabetizar um coração que se encontra no continente escuro da ignorância?
Não fazemos nada. Simplesmente nada.

Saltam dos pulmões as canções secretas de todos os adeus, beija-se as pontas dos dedos e nas teclas do computador faz-se amor com aquele ser pela última vez.
Não se faz nada porque já se fez de tudo.
As tardes e os amanheceres não conhecem espaço, não conhecem sol nem lua, não se curvam à passagem do tempo porque já nada são.

Como deixar entrar o presente dentro do corpo do passado, como amputar-lhe as pernas e não deixar correr a tinta das horas?
Não se faz nada, nada se diz.
As armas calam-se no derradeiro disparar das palavras e decide-se que nenhuma outra guerra terá razão para ser travada.
Quem somos quando dizemos, finalmente e aliviados, adeus a alguém?
Não dizemos.
Deixamos que a areia, grão a grão, fique presa na teia da saudade, pingando memórias.
Como saímos de dentro de uma história de paixão e deixamos a razão dominar os nossos sentidos? Como partimos as pontes e fechamos as portas e tapamos as janelas?
Não o fazemos.
Alguém foi e não é mais, tão sómente.
Esgravatam-se peças pequenas e solitárias dentro do peito e descobrimos não existir nada... se calhar nunca houve nada para existir, como uma planta cuja àgua nunca foi esboçada.
Como percebemos que alguém não é bom? Que jamais se increveu no nosso clube, nem ceou à mesa do nosso partido nem nunca votou na freguesia do nosso coração? Essa pessoa é digna de nós? Esteve algum dia do nosso lado?
Não é. Não foi. Nunca será.
Ficamos nós e seguimos em frente pingando de dor, pingando no desapontamento teórico do que nunca foi, não será, não teve de ser, nunca foi.

Se foi o destino que me colocou os pés na poeira desta estrada, o acaso arrancou-me do mesmo traçado.

Os passos do afastamento são dados da ponta dos dedos ao calcanhar e nada custa mais a precorrer que a autoestrada que tem por fim a terra do nunca.

Não a terra das crianças alegres e despreocupadas que se recusam a crescer e ainda bem, mas sim aquela que não tem cor, não se vê de tão esbatida pelo andar dos caminhantes, muitos e todos os dias a fazem.
Esta terra do nunca é aquela que não está nem esteve, que não é tua nem é minha porque nunca por nós foi desenhada.

No espelho não estás tu nem estou eu, nunca mais estaremos nós, porque não somos matéria espelhável. Somos os vampiros que não se vêm , somos ...? Não... não somos... nunca fomos.

Agradecimentos: Mais uma vez "roubei" arte ao site 1000 imagens. A foto é de João Castela Cravo e chama-se " A Jornada". Uma foto bela, doce e solitária.

terça-feira, dezembro 26, 2006