sexta-feira, setembro 15, 2006

Conversas de gajas...


Um destes dias convidei uma amiga minha de tempos de escola para vir almoçar cá a casa uma das minhas vegetarianisses e enquanto preparava tudo deixei-a no meu quarto a ouvir musica e de volta das minhas revistas.
Dali a minutos chega-me ela com um ar de espanto com 3 ou 4 revistas nas mãos e atira-me:
- Francamente as coisas que tu lés, és a gaja mais gajo que conheço!...
Parei a meio do corte de um tomate e olhei-a ...
- Atão porquê?
- Olha para isto, ela é revistas de carros, revistas de informática, de ciencias, livros de psicologia e tratados de psiquiatria, o national geografic, livros de carros, cinema... Oh, até o jornal em cima cama está aberto na página da Formula 1!
- Olha lá ranhosa e isso quer dizer que sou tipo gajo?, riposto eu.
- Não própriamente, diz a minha amiga, mas não vejo aqui nada de temas femininos.
Larguei o tomate a meio na bancada da cozinha e levei-a de volta ao quarto. Despejei as minhas revistas de ponto cruz e os livros ácerca de vidas passadas, leitura de mãos e signos, que marcou uma fase muito pseudo-mística da minha juventude.
- Ahhhh, murmurou ela, afinal gostas de coisas de gajas também...
- E isto são só coisas de gajas minha tola? pergunto eu.
- Sim claro, as gajas gostam mais destas coisas que coisas de carros e informática e revistas científicas, tens de entender que é assim... comenta ela para se justificar.
Começei a ficar verde ás bolinhas e, sempre que assim é, cerro ligeiramente os olhos e faço um movimento respiratório para acalmar (bendito yôga...).
Mas ela conhece-me bem, fomos amigas de liceu e pintámos a manta, soltámos a franga e outras parvoíces, vezes sem conta, chorámos e rimos juntas.
- Xiiiii, disse ela, lá vêm as fúrias... Pronto, pronto, anda lá para a cozinha falar mal de gajos que isso eu sei que tu gostas!
Gargalhada geral, claro, daquelas que só nos permitimos quando estamos com alguém que nos conhece bem e com quem não temos que argumentar muito para fazer prevalecer os pontos de vista. Ou seja, entende-mo-nos e tá feito, sem artifícios, sem tangas.
Fizemos juntas o almoço, falámos das nossa misérias sentimentais o resto da tarde com umas jolas á nossa frente, comemos pipocas lá mais para a frente e claro, a conversa foi sobre homens e mais homens, como são, o que fazem e deixam de fazer, as parvoíces que dizem e as coisas bonitas ocasionais que lá se lembram de mandar para o ar.
Ela tinha um hot date á noite, despedimo-nos com um abraço e alguns insultos soft, só para rir mesmo, e lá foi ela ter com o novo gajo da vida dela.
É assim a amizade feminina. Tenho apenas duas amigas mesmo á séria, uma está a 300 km, o que é uma pena para mim, e esta que me conheçe há uns bons 20 anos, estivemos 13 sem nos vermos, mas parece que ainda temos ambas 15 de idade e estamos no liceu.
As minhas melhores amigas são completamente loucas como eu e não se assustam comigo, por isso só tenho apenas estas duas, para grande desgosto meu.

3 comentários:

Anónimo disse...

Juntem 2 homens divorciados e amigos de longa data, que vivam sózinhos, e a conversa não será muito diferente.....

Shaktí disse...

Fernando: acredito piamente que será bem identica.
Obrigada pela visita.

Shaktí disse...

pm: lol, por isso os homens e as mulheres não são assim tão diferentes.