Hoje de manhã a caminho do trabalho fui vítima de uma louca que me agrediu. Isso mesmo, bateu-me.
Em pleno autocarro cheio de gente, o azar bateu-me à porta sob a forma de alguém que não gosta de apertos nos transportes nem dos costumeiros empurrões para entrar.
Fui à esquadra de polícia da Pç do Comércio apresentar queixa e deparei com um enorme profissionalismo de um dos agentes que me atendeu e do apoio que me deu. Ponto deveras positivo; para me acalmar acabámos por falar um pouco de livros quando revelei o meu local de trabalho. Já lhe mandei um porque a sua simpatia foi enternecedora.
Detesto, por princípio, tecer considerandos de tipo alarmistas ou castastróficos quanto à sociedade em que vivemos, nem que seja pelo facto de viver nela e ser sujeita aos seus "agentes poluentes" mas também por acabar por contribuir, mesmo que de forma inconsciente, para essa poluição comportamental. Igualmente porque as pessoas más são muitas mas as boas também existem; hoje convivi com as duas faces da moeda, infelizmente da pior maneira.
Porém não consigo deixar de pensar que as pessoas estão a enveredar por caminhos assustadores sem se deterem para pensar em soluções pacíficas e da via do diálogo. Parte-se para uma agressão física na primeira hipótese sem equacionar prós e contras de outra solução.
Vi-me assim obrigada a contribuir, desta feita, rasgando o véu de silêncio que todos adoptam, quase sem excepcção, com o intuito de ensinar os que agridem verbal e fisicamente os outros a não ficarem impunes.
A raiva e o ódio são sentimentos passíveis de ser dominados e geridos, explodidos nos locais próprios, ginásios por exemplo com uma boa suadela, não podem ser canalizados como dejectos e despejados nos demais, apenas porque é frustrante andar de transportes públicos em hora de ponta.
Ocorreu-me agora mesmo o arrepiante pensamento: se esta cena se tivesse passado noutro país onde as armas se vendem como rebuçados eu estaria morta, provavelmente, ou se as oito pessoas que tentaram apartar aquela mulher tresloucada dos meus cabelos, não a tivessem conseguido segurar, talves estivesse agora nas ugências de um hospital e não aqui, a escrever-vos esta história, sossegada na minha secretária.
A VIOLÊNCIA JAMAIS DEVERIA SER ENCARADA COMO UMA SOLUÇÃO... POR MUITO QUE NOS APETEÇA E A POSSAMOS CONSIDERA-LA JUSTA NAQUELA OCASIÃO.
Pensem nisso...
15 comentários:
Então, e porque é que a louca te agrediu?
fernando: porque a empurrei sem querer ao entrar e ela não ouviu o pedido de desculpa...
"De olho por olho e dente por dente o mundo acabará cego e sem dentes."
"A não-violência e a cobardia não combinam. Posso imaginar um homem armado até os dentes que no fundo é um cobarde. A posse de armas insinua um elemento de medo, se não mesmo de cobardia. Mas a verdadeira não-violência é uma impossibilidade sem a posse de um destemor inflexível."
Disse Mahatma Ghandi, o homem que sem uma estalada acabou com o Império Britânico na Índia.
Pouco há para dizer, a violência gera violência...
Há uma afirmação tua que não concordo pois neste país as armas vendem-se como rebuçados, ao contrário dos outros as que cá se vendem são é caçadeiras para os brutos matarem animais por prazer. Se por um lado nos proteje mais, pois é dificil andar com elas para trás e para a frente, por outro lado não deixamos de ser um dos países mais armados da Europa.
Já o eramos no 25 de Abril e por se orgulho da malta que vive aqui comigo neste pedaço de terra, se calha a termos desatado aos tiros havia muita arma para descarregar e afinal "apenas" morreram duas pessoas.
PS: Pazes feitas e pedra no assunto que não somos um casal de pombinhos!
desculpa: a doida aleijou-te?
antónio: sim estou um pouco magoada, mas sou rija... acho...
se te agrediu, foi porque merecias!
Olha mais um Fernando....
Mas sobre o post... Duas coisas,
Primeira: Sem dúvida que o tratamento nas esquadras e em todos os serviços do estado está a melhorar bastante!!! Felizmente!!!!!
Segunda: Não é a primeira vez que oiço este tipo de histórias... Dá-me a impressão, que as pessoas andam zangadas... e por dá cá aquela palha...zás!!!! Sem dúvida é preocupante quando alguem leva um empurrão no meio dos transportes ... e parte para a agressão... Acredito que a qualidade de vida de muitas pessoas seja realmente pouca... e a tal freustração que se vai a acululando ao longo dos dias... semanas... ou anos... acabe mesmo.por ser descarregada em qualquer pessoa...
Acho mesmo que tiveste azar... podia ter sido outra pessoa...
Um melhor dia para ti!!!!!
Fernando: obrigada amigo um bom fim d semana para ti.
Vera: lembro-me de ter conhecido uma vera em tempos que também resolvia as coisas à pancada. Deve ser apanágio do nome.
Vera: tb o mundo não merece pessoas como tu e tem que levar com elas...
Se isto fosse um país decente, este tipo de coisas nao aconteciam.
Se fosse um país aonde as armas se vendem como rebuçados, eu andava mais alegre e possivelmente alquem tinha posto uma bala na nuca da dita pessoa.
A violência dos dias que correm nada mais é do que o climax de tensões raciais/sociais/pessoais.
Nao acho que tenhas merecido o que aconteceu ( ao contrario de alguns vermes sem ideias proprias, desculpem se ofendo alguem, mas comigo podem andar a porrada sempre que quiserem porque eu sou baixinho e fracote), apenas tenho pena que, na tua maneira de estar pacifica, nao tenhas tido oportunidade para responder a letra a tao gratuita agressão, como, eu faria.
Que te sirva de lição, pois o "olho por olho dente por dente" foi escrito á mais tempo que o " perdoar 70 vezes 7"...
rpedro: obrigada pelo teu apoio, porém sabes que tento sempre resolver as coisas às boas, mas ter-lhe-ia arriado se a tivesse apanhado mas mesmas circunstâncias que eu, ou seja, se a fulana não fosse do tamanho da orca baleia assassina, altura e largura, se não estivesse de mãos livres, de óculos, num plano mais elevado que eu, encurrada entre um varão de autocarro e a respectiva parede, contra a qual me atirou várias vezes, e em desiquilíbrio, e se não tivesse os cabelos compridos como os meus onde se pendurou como se o mundo fosse acabar, resistindo a 8 pessoas que a tentaram segurar, ah se achasse que tinha mesmo razão continuava a bater com a polícia ao pé, e não parava, como ela o fez. Como podes ver é sempre fácil bater em quem nos parece mais fraco que nós: a coragem dos cobardes!
Também é fácil dizer que se merece apanhar sem se conhecer todos os factos; eu chamei a polícia para que, além de mim, a agressora tivesse oportunidade de apresentar queixa caso se sentisse lesada e ela não o fez.
Uma coisa te digo, eu para fazer isto tudo a alguém, tinham que me ter chamado bastante mais do que ela me chamou, e teria que ter sido algo mesmo muito, muito, muito grave.
A violência é fomentada pelo dia-a-dia em que vivemos, stressados, completamente loucos.
Há de tudo um pouco mas as coisas não prometem nada de bom.
Quanto ao agente... nem tudo é mau.
Apesar de atitudes dessas serem raras.
Mas que las hay las hay...
reporter: sim é verdade, deparamo-nos mais com atitudes pouco eficientes que o inverso. Até porque o primeiro agente q conduziu as beligerantes às esquadra descontrolou-se e desatou a berrar no meio da rua...
Quanto aos loucos à solta... bem, provavelmente também te dou alguma razão, a vida está complicada mas não o suficiente para atitudes que devam desencadear a violência física ou verbal como a que me deparei. Há tanta gente a viver pior que nós...
já passou...
abreijos
Antope
sim Amigo passou...
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