segunda-feira, agosto 14, 2006

CAIXA DE PANDORA


Ela tinha conhecido alguém há uns meses atrás, uma pessoa algo convencional à superfície, uma pessoa simpática, afável, amiga, alegre, activa.

Estiveram juntos e foram infelizes juntos, afinal o amor é mesmo um lugar estranho.

Depois, ao serem simplesmente amigos, os gostos de ambos, pouco convencionais, desinibidos e experimentalistas, ousados, vieram ao de cima.

Têm sido companheiros de viagem, dos altos e baixos de ambos, de alguma clandestinidade, de uma vida dupla, escondida dos demais, segredada apenas ao ouvido um do outro.

Agora são algo felizes, gostam um do outro. Fazem coisas juntos, descobrem fronteiras, objectos, gostos e sabores, revelam mais sobre eles próprios e anseiam pelos prazeres sensuais que a vida tem escondida.

Mostram um ao outro os brinquedos que compram e lhes dão prazer usar nas outras pessoas, e que elas usem neles, antecipam excitados a próxima descoberta.

Às vezes ela pensa que a amizade que os une é um lugar obscuro, atrente, excitante, húmido, proibido, mas nem um nem outro quer desviar-se desse lugar quente um milímetro.

A morte de alguma coisa é sempre o nascimento de outra e em tom de brincadeira ela diz-lhe que lhe abriu a caixa de pandora e fez dele um anjo caído.

Se calhar foi ao contrário, mas não é isso que está em causa, o que importa são as viagens ao outro lado da lua, aos aromas secretos, às fantasias totais, às experiencias com seres humanos… e porque não fazê-las?… - pergunta ela sorridente e pensativa.

Passar a língua pelos dedos da fantasia, sentir o vermelho gritante além do espectro visual, é como estar à beira do abismo de olhos fechados e sentir-lhe a brisa e o cheiro a mar, e não ter medo de abrir as asas.

Em confidencia ela diz-me : sabes é como se alguém se tivesse sentado na mesma faixa de areia que eu, alguém fala a mesma linguagem que eu, vibra apenas, não ama, alguém sente a paixão da descoberta…

E eu fiquei a pensar: a ausencia de companhia não determina que estejamos sós, apenas estamos acompanhados de quem escolhemos, alguém acedeu a fazer um determinado caminho connosco, dá-nos a mão e leva-nos lá…

…pena não encontrar mais pessoas assim.

9 comentários:

Menadel disse...

Não me parece que haja muitas, ou pelo menos muitas das que há... usam uma capa!!

Shaktí disse...

o super homem: capa de super herói?... ou de disfarce mesmo?

Menadel disse...

Capas diversas... a minha por exemplo é de menino de coro! Mas muitas mais há-de haver!

Shaktí disse...

super homem vs menino de coro! uau! mas prometes manter as botas?

Menadel disse...

Tu gostas mesmo das botas...

Francesca Lambruscco disse...

Gostei ;)


Deixo-lhe um beijo. . .


Miss Francesca Lambruscco

Aragana disse...

Olha.. o super homem anda aqui.

:)

PS - Esqueci-me o que ia dizer...

Menadel disse...

O Super Homem anda em todo o lado!

Kisses

Shaktí disse...

Aragana, assim não vale!! ;))

Super homem: é público o meu interesse em homens de botas.

Francesca: obrigada pela tua visita, beijos para ti.

Sda: a magia provavelmente é uma alma que escolheu e assumiu a sua escolha... às vezes escolhe-nos a nós, mas nunca nos revela os seus segredos. Obrigada pelo teu comentário.

Um abraço a todos!!