segunda-feira, agosto 21, 2006

Brindo aos finais previsíveis e aos começos improváveis


Sempre que algo termina na minha vida, de forma dolorosa ou apenas como sendo o efectivar de uma morte anunciada, lanço mão dos meus queridos amigos, os quais se contam pelos dedos de uma mão, mas são de ouro.
São aqueles que me escutam, me estreitam nos braços abrigando-me das tempestades das lágrimas sempre demasiado raras.
Sou a pessoa cheia de azares com mais sorte que conheço, porque os amigos são para mim a forma mais importante de relacionamento que alguma vez tive.
Numa época em que o amor não me satisfaz, o sexo me deixa algo indiferente, o trabalho não me dá aquela pica e a família está demasiado ocupada nos seus afazeres, os amigos são a chama que me alimenta, a corda que me puxa de dentro do poço, a mão que me empurra para a frente, as vozes cheias de lugares comuns que fazem tanto sentido.
Posso dizer que algumas das pessoas que cruzam a minha vida de diversas formas neste último ano e meio, têm-me ensinado a viver com os olhos secos, e a dar valor ao que tem mesmo importância, ajudando-me a perceber ainda que de forma tortuosa, por exemplo, que algumas delas não têm efectivamente nenhum valor.
Talvés porque têm sido pessoas de merda, com cabeças vazias e corações feitos de palha, ancoradas no seu espaçozinho podre; a essas vou dizendo adeus, uma a uma, reconhecendo-lhes óbviamente alguns méritos, mas esperando devolver-lhes, tal qual um espelho, a imagem da sua própria fealdade interior.
Depois há as que me surpreendem pela positiva, as que me roubam do meu cantinho quando me enrrolo esperando ficar confortavelmente dormente, aproveitando para carpir as incontáveis mágoas e que me tiram desta posição em que tudo questiono, acenando-me com alguma luz.
São esses os meus amigos, quer me dirijam a palavra sobre a forma de um postal enviado da Hungria, agradecendo não me esquecer dos seus aniversários, quer seja aquele que me incentiva e descreve a positividade de um bom banho de choro para lavar a alma, ou ainda aqueles que vão aparecendo sobre a forma de vulcões e me fazer voltar a renascer e que me dizem simplesmente: gosto de ti, gosto mesmo de ti.
A esses é importante agradecer:
A ti irmão Rui, não de sangue, mas das sagas da vida e dos muitos anos, a ti Kathy, que me dás o teu apoio de mulher, a ti Pedro que embora não sejas o meu princípe encantado, nunca te negas a estender-me a mão e dar-me o beijo de bela adormecida, a ti Marta, lá longe a 300 km, a minha melhor experiencia da estadia de vários anos no Porto, a ti Marco, porque as tuas chamadas normalmente caem que nem ginjas, mesmo que não saibas, a ti Inácio, porque me tens ensinado a ser livre e a cuspir o veneno das coisas inúteis.
Finalmente a ti M., o meu mais recente e tão excitante amigo, talvés ainda não totalmente merecedor de ser inscrito neste rol de estrelas maiores da minha galáxia, mas permite-me um agradecimento por teres ajudado a guerreira a lamber as feridas e por nunca me teres deixado só nestes dias.
Adoro-vos meus queridos amigos, adoro estar na vida porque vocês vivem comigo no meu coração, estejam perto ou estejam longe, quer se afastem ou se aproximem, vendo-vos com frequencia ou de ano a ano, sei que posso contar com o vosso carinho quando a merda atinge as pás da ventoinha.
Por favor, vão-me dando na cabeça sempre que a ocasião se justificar, apesar de não vos poder prometer que consiga não me meter em sarilhos ou que os meus afectos não sejam oferecidos estúpidamente a quem nunca deveria ter merecido óbviamente um segundo olhar.

5 comentários:

Shaktí disse...

Sda: li algo comovida as palavras que me diriges apenas penso que não terei tão grande brilhantismo como gentilmente me atribuís.
As palavras que os meus dedos, no pc, debitam são despejadas de dentro da minha alma, talvés por isso te identifiques tanto com elas.
Beijo especial para ti é um prazer receber a tua visita.

Shaktí disse...

Os finais são algo sempre previsível. Acho que temos sempre a certeza de como as coisas chegam a um desfecho se olharmos com a devida atenção para os sinais.
Confesso que, como as pessoas ou as coisas da vida, se forem demasiado previsíveis os finais ou começos o mais certo é eu fugir deles, posso é não correr depressa o suficiente ;))
Beijos

Lara disse...

Parece-me que todos nos revemos no que escreveste. Os fins são sempre um sofrimento, pelo menos para uma das pessoas.
os amigos, esses estão sempre lá... mm que estejam a kilometros de distancia.

Gostava de ter mais amigos, sinto a falta deles.

beijo

JPS disse...

Sabes que estou a redescobrir os amigos? Para alem de outras coisas...

Deixei um comentário no Desapontamentos...

Shaktí disse...

bad-lolita: eu sempre vivi virada para as minhas amizades que são muito poucas como vistes. Distingo-os porque são autênticos e afasto-me de todas as fraudes que ainda vou tendo o azar de encontrar pela frente. A enorme confiança que deposito nos meus amigos, os antigos claro, é retornada em dobro. Gostava de ter muitos mais mas compreendo a enorme falta de qualidade que para aí anda. Se precisares de uma amiga dispõe, será um prazer. Beijos para ti.

Zuko: As relações afectivas intensas separam-nos não poucas vezes dos amigos. Na verdade quando deixamos de estar totalmente absortos eles recebem-nos de volta e percebemos o quanto nos fizeram falta o tempo todo.
Tal como disse à bad-lolita se precisares de uma nova amiga estarei sempre ao dispôr.

Obrigada pela vossa visita.