segunda-feira, agosto 07, 2006

O pecado


"Sin sin sin
Look where we've been
And where we are tonight
Hate the sin not the sinner
I'm just after a glimmer
Of love and life
Deep inside"
Robbie Williams - Sin

Em conversa com várias pessoas onde se dissertava sobre o tema diversas foram as definições deste sentimento que nos pressegue a todos, de uma forma ou de outra.
O que é afinal o pecado? Deve ou não praticar-se?
Sendo o pecado um dos actos desviantes humanos mais antigos, a par da cobiça e da ganância, também pecados, muito se comenta sobre ele surgindo, a cada passo, simpatizantes e detractores.
Alguns decidiram que o pecado é uma "cena vintage", ou seja, quanto mais antigo e primário melhor e se é para praticar então que seja daqueles bíblicos, especialmente os que tiverem a ver com a mulher/homem do próximo, de preferencia que nos proporcione memórias sumarentas e picantes.
Vamos primeiro dissecar o aspecto masculino da questão, sempre tão colorido e efervescente: os homens são a favor do pecado!
Não tem nem talvés, são pró mesmo, seja lá que pecado for eles pecam e gostam de o fazer.
O pecado, como espólio do universo masculino, faz parte de um imaginário colectivo deles que só muito raramente acedem em ventilar na sua íntegra, até porque alguns ainda são adeptos de que certos segredos não se expoem assim em praça pública.
Isto não significa que os homens sejam discretos a pecar, nada disso, ou que tenham falsos pruridos com a matéria a tratar, esqueçam.
Eles pecam e se puderem negam sempre que pecaram e quando admitem que o pecado ocorreu o elemento culpa é-lhes tão alheio que nem se discute.
Pecou-se está pecado! Siga para bingo.
Agora as mulheres, supostamente sempre analíticas e profundas, tecem idiossincrasias sem fim sobre o acto de pecar. Se vale a pena fazê-lo, o que se perde ou ganha ao efectivamente entrar numa senda de pecado, enfim…
As mulheres são menos pecadoras que os homens ou admitem-no muito menos, talvés se enganem ao explicar que precisam menos de pecar porque são mais maduras e constantes. Ou ainda são pelo "kiss and never tell"…
Seja lá como for o pecado mora já ali ao lado e a vontade de o cometer é sempre crescente.
Pode revestir a forma mais variada, desde o pecadilho de absorver mais um bocadinho de chocolate do que se deve, até ao galar ostensivamente o rabo do/a colega que passa todos os dias por nós, passando pelas clandestinas relações pessoais que mantemos com pessoas que não deveríamos manter, com o seu expoente máximo nas escapadinhas dos nossos compromissos (casamento, namoro, etc.) pelo qual todos já passámos ou gostaríamos de ter passado.
A questão é porém apenas uma: ou se peca ou não se peca, não se pode mais ou menos pecar.
Restam-nos então os desejos de pecar, analisar porque nos apetece sempre tanto ir por aí e nem sempre conseguir resistir estóicamente e dizer não às tentações.
E não resistimos porquê? Porque percar é bom, dá-nos um outro elã à vida de todos os dias, porque alguém nos trata melhor do que aquela pessoa que temos lá em casa ou porque simplesmente nos apetece reiterar-mo-nos da nossa capacidade de sedução.
Não pecamos porquê? Porque ou não surgiu ainda a oportunidade ou simplesmente não desejamos comer demais ou comer de tudo o que o cardápio nos oferece.
Se pecarmos como nos sentimos? Fracos? Sem critério? Ou tão sómente felizes e contentes de barriguinha cheia e com um brilhosinho nos olhos por vezes há muito perdido?
Se não pecarmos qual o sentimento que prevalece? Sentimo-nos cobardes e com a percepcção de que se todos lá fora o fazem porque não o fazemos nós? Ou ficamos de paz com a nossa consciencia porque fomos fortes e soubemos resistir?
Eu, pessoalmente, peco muito mais do que deveria, já fui mais pecadora, mas confesso que para vestir o hábito de monja ou de celibatária ainda me falta pecar mais um pouco.
Claro que não estou a falar de pecados capitais, apenas pecados menores, mais mundanos.
Mas o que dizem de nós os nossos pecados? Poderão eles definir o nosso carácter e a nossa personalidade? Somos melhores se não formos pecadores ou ao pecarmos descobrimos o verdadeiro caminho da virtude?
Não sou adepta dos confessionários mas lá que eles estão repletos de histórias mirabolantes estão. Por isso lanço-vos este desafio, pecadores e não pecadores, digam-me lá que ninguém nos ouve:
- São ou não adeptos do pecado? Se pecam como e porquê o fazem, se não pecam digam-me como conseguem resistir a essa reptiliana e ancestral tentação e desvendem os vossos segredos que vos permitem manter essa inabalável integridade…

6 comentários:

Woman disse...

O pecado mora na nossa cabeça. É pecado quando nos sentimos mal por termos feito e nos condenamos. Caso contrário não é pecado, é simplesmente correr riscos saborosos...

Beijo

Shaktí disse...

O pecado mora um pouco mais que apenas na nossa cabeça, mas concordo com o que dizes quando nos condenamos por o termos cometido. Aliás depois de cometido nada mais há a fazer, apenas disfrutar o "crime".
Por isso penso que, face a um pecado, devemos primeiro saber se será bom cometê-lo para que depois seja tão bom saboreà-lo.
Obrigada pela tua visita.

JPS disse...

Há, infelizmente, uma conotação muito forte entre sexo e pecado.

Digo infelizmente porque essa conotação só serve para reprimir algo que é natural e bonito (especialmente de botas e saltos altos) como respirar. É se se acreditarmos em Deus, criador de todas as coisas, então ele tambem criou o sexo e o prazer que dai tiramos.

Por isso, a actividade sexual é uma dádiva intencional de Deus.

Por isso, só por si, não pode ser um pecado.

Mas como quase tudo, tambem se pode tornar um pecado quando é usado para magoar e fazer mal aos outros.

Ninguem nega que uma violação é um pecado.

"Vai e não peques mais. Se eles não te julgaram EU não te julgarei"

JPS disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
JPS disse...

Vai ver a resposta ao génio e diz-me o que achas.

Shaktí disse...

Zuko, todas as conotações são como rótulos e só as utilizamos para parametrizar as situações por forma a entende-las melhor. Qualquer violação, seja de que forma for perpetrada, é sempre um acto pecaminoso.
O sexo munca teve para mim um rótulo de pecado, sendo consentido por ambos os intervenientes.
Eu não julgo as pessoas, posso desaprovar os seus actos, mas nunca saberei realmente o que faria nas mesmas circunstâncias enquanto não for colocada perante elas.